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PRÉ-TEMPORADA FÓRMULA E 2025/2026: Testes indicam equilíbrio entre equipes e evolução técnica do Gen3

Com todos os 20 carros separados por menos de 1 segundo, as equipes da Fórmula E aproveitaram quatro dias de testes em Valência para aperfeiçoar processos e validar ajustes antes de começar a temporada final do ciclo Gen3


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Os quatro dias de testes da Fórmula E em Valência chegaram ao fim e agora o campeonato entra em uma pausa de um mês antes do início da temporada 2025-2026, que marca a última era sob o regulamento dos carros Gen3.


Apesar de o grid estar com 20 carros pela primeira vez desde 2018, após a saída da McLaren, o cenário está longe de ser menos competitivo. O retorno da Citroën ao automobilismo internacional, mudanças significativas entre os pilotos e a chegada de estreantes talentosos prometem uma temporada repleta de ação, suspense e rivalidades acirradas.


A última temporada do inicialmente controverso, mas hoje consolidado, regulamento Gen3 começa com um grid mais compacto, mas com carros e equipes ainda explorando nuances do pacote técnico. As evoluções continuam surgindo em detalhes: após 18 horas de pista e um total de 5.446 voltas completadas em seis sessões, as equipes aproveitaram cada minuto para extrair desempenho dos carros.


O nível de equilíbrio foi notável. No total, todos os 20 pilotos ficaram dentro de 0,825s entre o mais rápido e o mais lento.



Pequenas evoluções, grandes diferenças


A maioria das equipes mostrou progresso em áreas cruciais, como a estabilidade do trem de força e o comportamento dos carros nas curvas. Muitos jornalistas que estavam in loco no Circuito Ricardo Tormo destacaram a Mahindra como o carro mais equilibrado da semana, com uma traseira estável e torque consistente nas trocas de marcha, um salto de desempenho considerável em relação ao que foi apresentado por eles na última temporada.


Entretanto, os resultados de Valência devem ser interpretados com cautela. O circuito não faz parte do calendário da Fórmula E e também é necessário considerar as condições de teste (sem restrição de potência e com uso otimizado dos pneus Hankook), que não refletem como é em um fim de semana de corrida.


Mesmo assim, o clima de confiança na Mahindra é visível, fruto de um trabalho consistente em simulações e ajustes de performance.


Com base nas observações gerais, Mahindra, Nissan e Porsche se destacaram na frente, seguidas por Jaguar e pelos carros da Stellantis (DS Penske e Citroën), além da Lola.

Andretti, Envision e Cupra Kiro formaram o grupo intermediário, embora seus resultados sejam mais difíceis de avaliar devido à pouca experiência de alguns pilotos.


"Ainda estamos aprendendo muito sobre os pneus. A frenagem é fundamental nesses carros. A confiança do piloto e a abordagem de um fim de semana de corrida estão totalmente ligadas a isso. No geral, são pequenos detalhes de mapeamento e ajustes de sistema que seguimos aprimorando", afirmou Phil Charles, engenheiro da DS Penske.


A Mahindra teve uma das semanas mais sólidas dos testes, consolidando a boa fase que a levou ao quarto lugar geral em 2024-2025, atrás apenas de Porsche, Jaguar e Nissan. A equipe indiana vem em clara curva ascendente, impulsionada pelas fortes atuações de Edoardo Mortara e Nyck de Vries nas simulações de 300 kW e 350 kW.


Com um domínio absoluto no primeiro setor de Valência, o desempenho da Mahindra impressionou até os rivais. A equipe não vence desde julho de 2021, com Alex Lynn em Londres, e tudo indica que essa espera pode chegar ao fim em breve.


"Já vimos equipes dominando testes e não vencendo campeonatos depois. Queremos manter os pés no chão. Os tempos são bons, mas há muito a melhorar. O importante é começar a pontuar desde o início e, com consistência, buscar pódios", declarou o chefe da equipe, Frederic Bertrand.


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Rowland durante os testes em Valência (foto: Formula E)


Já a Nissan, que começou forte a última temporada e terminou em queda, teve um início de testes irregular. Na segunda-feira, Oliver Rowland parou o carro após ouvir ruídos estranhos, que mais tarde foram identificados como um problema de suspensão. Nos primeiros dias, a equipe trabalhou em programas específicos de testes, dificultando comparações diretas com seus adversários.


No entanto, na reta final, a performance voltou a aparecer. Norman Nato encontrou um ritmo sólido nas sessões de quarta e quinta, enquanto Rowland encerrou os testes com o melhor tempo na sexta sessão. A dupla garantiu a confiança da equipe para o início da temporada.



Novatos ganhando experiência e teste inédito da FIA


Entre os novatos, Pepe Martí (Cupra Kiro) foi o grande destaque. Sem experiência prévia em pista com um carro da Fórmula E antes do teste em Valência, o jovem espanhol impressionou com um ritmo forte e consistência, ficando a apenas 0,017s do tempo de seu companheiro de equipe Dan Ticktum.


Pela Andretti, Felipe Drugovich completou 289 voltas e terminou em 15º geral, um início positivo após seu breve teste em Mallory Park. O brasileiro ficou a apenas dois décimos de Jake Dennis.


"Ele aprendeu muito sobre o carro e os sistemas da Porsche. Seu feedback melhorou a cada dia. Está entendendo as diferenças entre um carro de Fórmula E e os de F2 ou F1, o que é promissor", comentou Roger Griffiths, chefe da Andretti.


Joel Eriksson, substituto de Robin Frijns na Envision, teve desempenho discreto em velocidade pura, mas cumpriu o objetivo de quilometragem e integração à equipe.

Ligado à Jaguar há três anos, ele focou no consumo de energia e foi elogiado pela consistência nos programas técnicos.


Um dos momentos mais curiosos da semana foi um teste inédito de bandeira vermelha durante uma simulação de Pit Boost. O objetivo era avaliar o comportamento das equipes caso uma interrupção ocorra durante o reabastecimento de energia, situação que até o momento não aconteceu em uma corrida real.


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Equipes em simulação de Pit Boost (foto: Formula E)


A FIA simulou a situação no segundo dia de testes, quando alguns carros estavam nos boxes e a prova foi interrompida. O caos aparente foi controlado pela direção de prova, que reorganizou o grid em cerca de 12 minutos. Apesar de pequenas confusões, como penalizações por distância incorreta do safety car, o teste foi considerado um sucesso operacional.


"A bandeira vermelha é uma das situações mais complexas que podemos enfrentar. Criamos o cenário de propósito, com carros em diferentes estágios do Pit Boost, para testar todos os processos e garantir que as regras estejam claras para todos", explicou Pablo Martino, oficial da FIA e responsável pelo funcionamento da Fórmula E no que tange à parte esportiva do campeonato.


A simulação foi vencida por Nico Müller (Porsche), após Edoardo Mortara (Mahindra) ser penalizado por posicionamento incorreto durante a relargada. Fora isso, os quatro dias transcorreram sem incidentes sérios, com exceção de uma bandeira vermelha provocada por falha mecânica no carro de Taylor Barnard (DS Penske) no primeiro dia.


Com equilíbrio extremo, estreantes promissores e equipes em plena evolução, a Fórmula E se prepara para uma temporada 2025-2026 que promete ser uma das mais disputadas de sua história recente.


O encerramento da era Gen3 pode marcar não apenas o fim de um ciclo técnico, mas o início de uma nova fase de maturidade para o campeonato.



Pilotos que lideraram cada sessão de testes


Sessão 1 (segunda-feira): Pascal Wehrlein (Porsche)

Sessão 2 (terça-feira): Edoardo Mortara (Mahindra)

Sessão 3 (terça-feira): Dan Ticktum (Cupra Kiro)

Sessão 4 (quarta-feira): Edoardo Mortara (Mahindra)

Sessão 5 (quinta-feira): Norman Nato (Nissan)

Sessão 6 (quinta-feira): Oliver Rowland (Nissan)

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