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PRÉ-TEMPORADA FÓRMULA E 2025/2026: Como foi o teste feminino com dia exclusivo

A segunda edição do teste feminino contou com um dia completo e estrutura reforçada; diversas pilotas atingiram tempos mais próximos dos pilotos titulares do grid e Chloe Chambers liderou as duas sessões pela Mahindra


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A Fórmula E deu mais um passo em sua campanha para ampliar as oportunidades de desenvolvimento para mulheres no automobilismo. Na sexta-feira (31), o campeonato elétrico realizou em Valência o segundo teste feminino de sua história, oferecendo às pilotos a chance de pilotar os carros Gen3 Evo em condições reais de pista.


Neste ano, a categoria ampliou a duração do programa, garantindo mais tempo de pilotagem e um formato mais próximo dos testes regulares. O resultado foi um dia de grande equilíbrio: menos de um segundo separou as seis primeiras colocadas: Chloe Chambers, Abbi Pulling, Bianca Bustamante, Alice Powell, Ella Lloyd e Jamie Chadwick.


No total, nove pilotos ficaram a poucos décimos umas das outras em cada setor do circuito, um desempenho que reforça a importância desse tipo de iniciativa para acelerar a curva de aprendizado em um dos carros de corrida mais complexos e desafiadores do mundo.


A norte-americana Chloe Chambers, atualmente em quarto lugar na temporada 2025 da F1 Academy, foi o grande destaque do dia. Pilotando pela Mahindra, Chambers liderou as duas sessões de sexta-feira e mostrou um desempenho notável.


Na parte da manhã, marcou 1m23s584, antes de melhorar em mais de um segundo na sessão vespertina, com 1m22s767, superando Abbi Pulling (Nissan) por apenas 0,064s.


O tempo da pilota da Mahindra ficou a apenas 0,4 segundos da volta mais lenta registrada entre os pilotos oficiais (1m22s318 de Joel Eriksson da Envision), o que representa um avanço expressivo em relação ao teste de Jarama, na temporada anterior, quando Pulling terminara 3,4 segundos atrás do ritmo dos titulares.


Chambers comemorou o desempenho e destacou o suporte recebido do companheiro de equipe da Mahindra, Nyck de Vries, campeão mundial de 2021:


"Eu e a equipe trabalhamos muito bem juntos, tanto no simulador quanto aqui em Valência. O Nyck me ajudou bastante e compartilhou dicas valiosas. Estar entre as mais rápidas logo no início do dia foi um ótimo sinal. Foi um dia para maximizar o tempo de pista e o desempenho em volta rápida. Fiquei impressionada em como a tração nas quatro rodas reage de forma incrível", disse Chambers.


A japonesa Juju Noda, pilota da Super Fórmula, representou a Jaguar ao lado de Jamie Chadwick, que já possui experiência anterior nos testes da categoria. Antes de ir à pista, Noda passou a semana acompanhando o trabalho técnico da equipe, participando de reuniões e observando o processo de preparação.


A dedicação deu resultado e ela ficou a menos de 0,8 segundos de Chadwick, uma marca impressionante considerando sua experiência limitada no simulador da Jaguar.


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Mitch Evans orientando Juju Noda durante o teste (foto: Jaguar)


Conduzindo o carro de Mitch Evans, a piloto japonesa completou duas sessões consistentes e melhorou seu tempo em 1,3 segundos entre a manhã e a tarde, sem incidentes relevantes.


"A tração desse carro é algo inacreditável, especialmente com 350 kW. É uma aceleração que nenhum outro carro que dirigi tem. Os carros elétricos são incríveis e tentei ajustar minha pilotagem em tempo real para aproveitar essa resposta imediata do motor", comentou Noda.


Outra performance positiva veio de Ella Lloyd, quinta colocada pela Envision, a menos de um segundo do tempo de Chambers.

Lloyd, que também se destacou nos testes da F1 Academy no Bahrein, dividiu o carro com Alice Powell, pilota de desenvolvimento da equipe.


"O carro é muito diferente de tudo o que já pilotei. De manhã, precisei me adaptar ao comportamento e à frenagem regenerativa. À tarde, consegui ser mais consistente e mais rápida. Fiquei muito satisfeita com o progresso", disse Lloyd.


Entre as participantes, Lindsay Brewer foi quem enfrentou a curva de aprendizado mais acentuada. Pilota da Lamborghini Super Trofeo nos Estados Unidos e com passagem pela Indy NXT, ela representou a DS Penske ao lado de Jessica Edgar.


Seu programa teve foco em adaptação ao Gen3 Evo, com direito a 36 voltas completadas e progresso notável na segunda sessão. Brewer havia feito um treino no simulador da equipe em Satory, na França, antes de ir à pista em Valência.


"A coisa que mais me surpreendeu foi o peso do carro. Conversei com a Jamie [Chadwick] e percebemos que o Fórmula E é ainda mais pesado que o Indy NXT, o que não parecia no simulador. Foi fisicamente exigente, mas também impressionante ver quanta potência o carro tem", disse.


O segundo teste feminino da Fórmula E não apenas reforçou o compromisso da categoria com a igualdade de oportunidades, mas também mostrou avanço técnico e de integração das pilotas.


Além das voltas em pista, houve preparação em simulador e contato direto com as equipes e pilotos titulares, um aspecto que começa a gerar impacto estrutural real.


Comparado ao evento de Jarama, o progresso foi nítido. O pelotão feminino esteve muito mais próximo do ritmo do grid regular, beneficiado por mais tempo de pista, melhor preparação prévia e condições de pista mais estáveis.


Com a chegada do novo carro Gen4, o debate sobre a exigência física da pilotagem ganhou força. O modelo será maior e mais pesado, mas contará com direção hidráulica, algo aguardado por muitos pilotos.


Essas limitações, no entanto, não representam um obstáculo insuperável. As pilotas envolvidas demonstraram preparo e desempenho técnico suficientes para competir em alto nível.


A principal barreira agora parece ser abrir as portas certas para que novos talentos sigam os passos de Simona de Silvestro, Katherine Legge e Michaela Cerruti, que foram mulheres que assumiram a titularidade no grid da Fórmula E no passado.


Confira abaixo o resultado final do Teste Feminino da Fórmula E:


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