Nick Cassidy sobre a briga pelo título: "Eu só quero manter a minha mente no lugar certo"
Durante coletiva, Cassidy destacou a sua evolução, elogiou o trabalho feito pela Envision e falou sobre a polêmica que foi gerada com o rádio dele em Berlim
Nick Cassidy definitivamente está em seu melhor momento na Fórmula E desde que fez a sua estreia na sétima temporada. Atualmente, o neozelandês se encontra na vice-liderança do campeonato e vem de uma vitória no E-Prix de Berlim.
Na quarta-feira (26), o Entre Fórmulas participou de uma coletiva de imprensa com o piloto da Envision e ele deu a sua opinião sobre alguns dos tópicos que estão em alta entre os pilotos, jornalistas e fãs. Também abordou sobre o bom momento que vive, mas enfatizou o quão necessário é não se deixar levar por isso, porque tudo pode mudar de uma corrida para a outra.
Nick começou comentando sobre o bom final de semana dele e do compatriota Mitch Evans, que venceu a corrida da rodada 7, enquanto ele venceu a rodada 8. Com esse feito, o hino da Nova Zelândia tocou duas vezes em Berlim.
“Eu fiquei muito feliz com isso. Eu e o Mitch somos amigos e corremos um contra o outro desde os 6 anos de idade. Poder ter chego na vida adulta ainda correndo contra ele, mas em um cenário mundial, é muito legal”, disse.
Um dos assuntos mais comentados do momento é sobre ninguém querer liderar a corrida tão cedo, porque alguns pilotos falaram sobre a dificuldade de se manter na frente por conta do vácuo proporcionado para quem vem atrás, além de não conseguirem salvar tanta energia, fazendo com que seja mais fácil para quem está atrás ultrapassar e assumir a posição nos momentos finais da corrida.
Para Cassidy, isso não é um problema, além de ser divertido para o público ver tantas alterações na liderança ao longo da corrida. Segundo ele, é muito melhor ter disputas do que passarem a corrida toda um atrás do outro feito um trem.
“Eu acho que é divertido para quem está assistindo e eu também prefiro isso do que situações iguais a algumas corridas minhas na base, ou iguais ao E-Prix do México desse ano onde a gente passou a maior parte do tempo em um tremzinho, porque não tem o que fazer e imagino que para quem vê na TV não é tão bom de assistir. No fim do dia, isso aqui também é um entretenimento e estamos tentando consolidar uma fã base.”
Cassidy na pista de Tempelhof em Berlim (foto: Formula E)
Quando questionado sobre “ninguém querer vencer”, como chegou a ser retratado por alguns membros da imprensa, Nick rebateu discordando completamente da afirmação.
“Como piloto a gente sempre tenta o nosso melhor para brigar por posições e ganhar. Então, não acho que ninguém quer liderar, mas sim, que cada um está tentando achar o momento propício para isso. Se ninguém quisesse vencer não veríamos tantas disputas como estamos tendo, né?”
Uma das polêmicas geradas na rodada dupla de Berlim, foi o rádio dele após a vitória. Naquele final de semana, as coisas estavam um pouco complicadas para o seu companheiro de equipe Sébastien Buemi, que só abria o rádio para reclamar. Entretanto, o suíço nunca foi conhecido por ter um temperamento fácil, principalmente quando as coisas não funcionam do jeito que ele espera.
Quando a bandeirada final foi dada na corrida de domingo, Cassidy soltou no rádio que “sabia que tinha chateado algumas pessoas da equipe naquele dia, mas que estava feliz em fazer o time sorrir”, algo que ficou subentendido como uma provocação ao Buemi.
“Essa questão do rádio acabou sendo maior do que eu esperava. Era pra ser algo sarcástico e acabou não sendo entendido desse jeito. Quem conhece a minha personalidade, entendeu a intenção. Porém, eu compreendo quem achou que foi uma provocação e isso ficou feio para mim e eu me desculpo por isso. Nós estamos bem e essa situação faz parecer que tem fogo onde não tem. Eu tenho sorte de ter um cara que é campeão mundial ao meu lado, porque ele é uma referência de profissionalismo e eu o respeito muito”, afirmou.
Nick também foi questionado sobre se ele concorda com esses rádios serem liberados para o público, já que muitas vezes acaba gerando um certo desconforto por todo mundo passar a opinar sobre o que é falado.
“Sim, é um saco quando eles liberam e a situação fica desse jeito. Mas sobre ser publicado ou não, eu acho que é bom para as redes sociais, porque chama atenção e isso de alguma forma ajuda a categoria a chegar em mais gente.”
Devido ao bom desempenho tanto da Envision, quanto da Jaguar, eles se tornaram os rivais diretos da Porsche na briga pelo campeonato de equipes.
Cassidy acredita que a Envision está pronta para brigar de igual para igual com a equipe alemã, mas ressalta o crescimento de outros times do grid.
“Ano passado, tivemos altos e baixos, mas nas temporadas anteriores sempre brigamos com outras equipes e essa foi uma das razões pelas quais eu decidi correr pela Envision quando entrei na Fórmula E, porque sei que é uma equipe de ponta. Mas ao mesmo tempo, ainda tem muita coisa para acontecer ao longo da temporada e tem outros times crescendo. A Jaguar, por exemplo, que nos fornece o trem de força, também está próxima nos pontos e está muito forte”, destacou.
Falando em Jaguar, ambos os times estão trabalhando muito bem em conjunto. Como equipe cliente, a Envision sempre mantém um contato próximo com a Jaguar. Por diversas vezes ao longo das corridas, quando há disputa de posição entre os pilotos de ambas as equipes, sempre há uma preocupação em fazer isso de maneira que não acabem se acidentando.
Nick falou sobre o trabalho de desenvolvimento de software feito por ambas as equipes e se mostrou grato pela dedicação do time da Jaguar.
“Uma parte é feito pela Jaguar e uma parte é pela Envision e tenho muito orgulho de como o pessoal da equipe está trabalhando. Além disso, preciso elogiar a Jaguar, porque eles fazem atualizações a cada corrida e eu aprecio o esforço deles também.”
Nick Cassidy durante a coletiva de imprensa (reprodução: Formula E)
Ao falar diretamente com o Entre Fórmulas, o assunto se voltou para o crescimento de Cassidy como piloto. Apesar dos três pódios consecutivos e a vitória em Berlim, Nick vem tendo uma boa performance e pontuando desde o começo da temporada.
Foi destacado o seu amadurecimento, que é notável desde a temporada passada, onde o neozelandês passou a ter uma leitura de corrida ainda mais afiada, sabendo o melhor momento de atacar e quando se preservar para poupar energia.
Por isso, foi perguntado se ele teve um “momento de virada”, uma corrida específica ou uma ocasião na pista que fez ele se dar conta de que estava conseguindo chegar aonde queria e que foi crucial para que ele pudesse estar no momento em que se encontra agora, onde tem chance de brigar pelo título da Fórmula E.
“Eu estou bem ciente de que tudo pode mudar rápido. Eu só quero manter a minha mente no lugar certo, onde se acontecer um dia ruim, então eu vou conseguir me recuperar e voltar na minha melhor forma. Mas eu acho que o momento de virada para mim foi o E-Prix de Nova York no ano passado. Foi muito importante. Eu tive um ótimo sábado, mas no domingo eu sofri com uma penalidade, entretanto, eu tinha um bom ritmo. Depois disso, fui de lá para Londres onde ficamos no pódio. No segundo dia em Londres, eu estava bem forte também, mas meu pneu furou. Então, ao término da minha temporada da Fórmula E no ano passado, eu senti que o nível necessário para brigar por algo a mais já estava lá. E ao mesmo tempo, eu fui para a DTM e eu tive bons resultados, consegui duas vitórias na parte final da temporada. Tudo o que aconteceu até o natal, me deu muita confiança. Claro que eu estou ficando mais maduro e aprendendo a todo tempo. Nós enquanto pilotos temos que continuar procurando formas de evoluir”, comentou.
Nick destacou que tudo o que fez desde que entrou na categoria é a razão de ter chego até aqui. A busca por aprender, entender o trabalho da equipe, se fortalecer mentalmente, conhecer o estilo de pilotagem dos outros pilotos.
Ele se sente mais rápido e mais confiante, mas também ressalta que está tendo sorte por não se envolver em grandes complicações dentro de pista.
“Eu não acho que o mérito é só meu. Eu estou focado e fazendo o que está no meu alcance para fazer o melhor que eu posso, mas o time está trabalhando muito para me dar o melhor deles também. Então, são uma série de fatores que contribuem para os bons resultados e eu espero que isso continue”, finalizou.
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