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Foto do escritorSonia Cury

Jake Dennis e Envision campeões da Fórmula E, frustração de Vergne, renovação e despedidas

Da alegria de Jake Dennis, passando pela insatisfação de Vergne até um Dan Ticktum mais maduro, mesmo que ainda controverso, os pilotos da Fórmula E falam sobre o final da temporada



No último final de semana, a nona temporada da Fórmula E chegou ao fim na rodada dupla do E-Prix de Londres. Após 16 rodadas e 11 países visitados, a categoria elétrica encerrou o ciclo de 2023 com campeões inéditos, tanto na disputa por pilotos, quanto por equipes.


No sábado houveram boas disputas, reviravoltas, acidentes e polêmicas - que fizeram algumas equipes entrarem com recursos contra decisões tomadas pela direção de prova -, mas ao cruzar a linha de chegada em segundo lugar, Jake Dennis garantiu o título no campeonato de pilotos.

No domingo, a chuva foi a maior protagonista e atrasou o andamento da prova, gerando diversos momentos divertidos fora de pista. No final, a corrida aconteceu de maneira cautelosa por parte dos pilotos e a Envision garantiu o seu primeiro título por equipes.



A CELEBRAÇÃO DOS CAMPEÕES


No sábado, quando Jake Dennis soube que era campeão mundial, uma sensação de alívio tomou conta do piloto.

Depois de chegar no campeonato em 2021, surpreendendo a todos ao terminar em terceiro lugar, dois anos depois o piloto da Andretti atingiu o patamar mais alto, após uma temporada onde ele experimentou alegrias e tristezas na mesma medida.


“Depois da primeira bandeira vermelha, eu senti que todo mundo estava atrás de mim. Foi muito difícil eu conseguir controlar as minhas emoções e permanecer calmo na corrida. Eu estava nervoso. Quando eu soube que o Nick abandonou, eu fiquei um pouco mais tranquilo, mas aí o meu engenheiro disse que o Mitch ainda estava na disputa pelo título e todas aquelas emoções conflituosas voltaram”, disse o campeão após o E-Prix de Londres.


Jake fez questão de destacar a performance de Nick Cassidy e Mitch Evans ao longo de toda a temporada, dizendo o quão importante eles foram para o seu crescimento como piloto, o levando além do limite.


“O nível que eu, Nick e Mitch estávamos era muito alto. Durante todo o ano, sempre que eu fazia uma boa volta, eles estavam atrás de mim para bater o meu tempo. Nossa disputa foi implacável. Agora, eu sou campeão mundial e não dá para explicar como é, porque eu nunca tinha sentido isso antes. É algo que todos os pilotos sonham em alcançar.”


No outro lado do paddock, uma equipe que está na Fórmula E desde o começo, também conquistou o seu primeiro título por equipes, após nove anos lutando por esse momento. Por mais que alguns percalços tenham acontecido no meio do caminho, Sylvain Filippi, chefe de equipe da Envision, expressou toda a sua emoção com a conquista em meio a uma explosão de confetes e gritaria dos membros do time.


“É um sentimento inexplicável. Foram 9 anos de espera por esse momento e a equipe fez um trabalho incrível. Nós ficamos até tarde conversando (após o incidente entre Cassidy e Buemi no sábado) para reagrupar o time e levantar os ânimos. Ainda tínhamos mais uma chance e apesar de tudo a nossa equipe é muito forte e é por isso que eu estou orgulhoso de cada um deles”, disse.



A FRUSTRAÇÃO DE JEV


Com o término de uma temporada, vem a avaliação de tudo o que foi feito no ano, os erros e os acertos, onde poderiam melhorar, o que poderiam ter feito de diferente e no meio dessas reflexões os sentimentos são conflituosos.


Único bicampeão da categoria, Jean-Éric Vergne terminou o campeonato em quinto lugar, mas o piloto da DS Penske não conteve o seu descontentamento com o resultado.


Durante uma das bandeiras vermelhas no E-Prix de Londres, a equipe de Vergne decidiu trocar os pneus para testar um novo nível de pressão nos mesmos e segundo o piloto francês, “a partir daí tudo foi um pesadelo” e pilotar o carro “se tornou algo impraticável”.


“Eu estava tão fora do ritmo que eu me tornei um perigo para os outros pilotos. Essa pressão no pneu me forçava para fora do traçado quando eu estava saindo de uma curva e eu não conseguia aproveitar a potência do carro. Apesar da tração ter melhorado, os pneus dianteiros não tinham sido alterados, então, o carro saiu muito de dianteira”, revelou.


O piloto enfatizou que eles não podem cometer esses erros e que não era o momento para tentarem algo novo.


“A um certo ponto, eu só estava torcendo para que acabasse logo. Eu nunca passei por uma humilhação tão grande. Eu fiquei muito irritado.”


Para a próxima temporada, o francês disse que vai fazer tudo o que estiver ao seu alcance para que a equipe evolua. Ele admitiu que tiveram avanços ao longo do ano, mas reforçou que precisam encontrar soluções para as diversas dificuldades encontradas em relação ao desempenho do carro.


“Durante as férias, eu vou desaparecer em algum lugar no sul da frança por um mês e fingir que eu não existo. Vai ser bom ter uma pausa. Mas em setembro já estarei com a equipe pensando na próxima temporada”, disse.



A EVOLUÇÃO DA NIO E A PERMANÊNCIA DE DAN TICKTUM


Encerrando a temporada de 2023 na nona colocação, a NIO 333 Racing tem muito o que comemorar. A equipe que nos últimos anos estava sofrendo para conseguir marcar pontos, conseguiu ficar na frente da ABT e da Mahindra com um total de 42 pontos, algo além do que os mais otimistas poderiam imaginar, já que a equipe chinesa conquistou apenas 7 pontos na temporada de 2022.


Apesar dos altos e baixos, a dupla formada por Dan Ticktum e Sérgio Sette Câmara conseguiram bons pontos para a NIO, principalmente o piloto britânico que está na equipe desde o ano passado - diferente do brasileiro que entrou em 2023 na equipe e enfrentou algumas dificuldades na adaptação ao carro.


Em entrevista concedida ao site alemão e-Formel.de, Dan Ticktum falou sobre o momento vivido dentro da equipe e reconheceu que exagerou em alguns comentários, apesar da sua melhora de comportamento ser notável.


"Eu nunca consigo ficar animado com um nono lugar, mas ver o quanto isso significou para a equipe foi muito especial e eu fico muito feliz em poder proporcionar isso a eles. É uma boa dose de positividade em meio a um ano que foi bastante frustrante, como já acabei dizendo no rádio.”


Ticktum destacou o episódio do rádio em Jacarta, onde explodiu com o engenheiro por mais de um minuto ao falar sobre a situação complicada do trem de força da equipe. Conhecido por não ser fácil de lidar, o piloto sabe que a situação o deixou manchado para possíveis propostas de outras equipes, apesar do bom desempenho demonstrado no ano e a sua melhora nas relações interpessoais, onde até se desculpou publicamente após um erro cometido em pista para cima de Jake Dennis, algo que seria impossível de imaginar Ticktum fazendo em seus tempos de Fórmula 2.


“Talvez, as outras equipes me vejam como um risco e por isso não me procuram, mas a minha equipe me conhece muito bem. Eu fico frustrado e passo do limite, mas sei que a situação toda também é frustrante para eles. Isso (se referindo ao seu temperamento) é algo que eu estou buscando melhorar e eu vou tentar controlar (as explosões) quando eu voltar no ano que vem”, afirmou.


Dan Ticktum confirmou que tem contrato com a NIO para 2024 e, portanto, permanecerá na equipe por mais uma temporada.



CLIMA DE DESPEDIDA


A ABT confirmou oficialmente a saída de Robin Frijns. O piloto neerlandês chegou a perder o começo da temporada após quebrar a mão na primeira corrida do ano e fez o seu retorno em São Paulo. Após isso, ele conquistou uma pole position para a ABT e até pontuou, mas usando o fraco trem de força da Mahindra, o piloto não viu nenhuma perspectiva de evolução na equipe.


“Essa temporada foi difícil para mim, mas eu não poderia imaginar superar isso sem esse time incrível. Foi um prazer ter passado por essa jornada com essa família. Não foi a despedida que eu tinha em mente depois de um final de semana complicado, mas apesar de tudo, o apoio sempre esteve lá. Muito obrigado a todos da ABT. Novidades vindo em breve”, publicou o piloto em suas redes sociais.


Especula-se que Frijns voltará para a Envision na próxima temporada, ficando no lugar de Nick Cassidy, que deve ir para a Jaguar.


Falando sobre o piloto vice-campeão da temporada de 2023, Cassidy estava muito emocionado no último rádio que fez para a equipe após passar pela bandeira quadriculada.


“Muito obrigado pessoal. Eu realmente gosto muito, muito, muito de todos vocês”, disse.


Em entrevista após sair do carro, o neozelandês destacou toda a sua gratidão e carinho pela equipe que tem sido a sua casa desde 2021.


“Eles são pessoas incríveis e trabalharam muito. Eles são especiais para mim e por muitas vezes estiveram próximos de conseguir o título por equipes, o que só prova o quão forte essa equipe é. O fato de eu poder conquistar isso junto com eles me deixa extremamente feliz.”


Com Nick Cassidy possivelmente indo para a Jaguar, ele entrará no lugar de Sam Bird, que despediu-se oficialmente da equipe de James Barclay, após três temporadas correndo ao lado de Mitch Evans. Especula-se que Bird deva assumir a vaga de René Rast na McLaren.


“Que jornada. Que equipe. Muito obrigado a todos da Jaguar, eu amei cada segundo com vocês. Sim, tivemos momentos ruins, mas também tivemos momentos incríveis e conquistamos muitas coisas juntos. Eu vou guardar essas memórias comigo para sempre”, disse Sam nas redes sociais.


Já no caso da Nissan, embora não tenha saído nenhuma confirmação oficial, é falado pelo paddock que a equipe está em busca de outro piloto para assumir a vaga de Norman Nato, mesmo que o francês tenha conquistado bons pontos ao longo do ano e seja o responsável pelo único pódio que a equipe conseguiu na temporada.


Sacha Fenestraz, não poupou palavras ao elogiar o seu companheiro de equipe em entrevista pós corrida, destacando os resultados obtidos pelo time e dando créditos a Nato, que lhe deu todo o apoio em seu primeiro ano de Fórmula E.


“Ele salvou a equipe. Eu tive dificuldades, mas ainda estou na minha curva de aprendizagem neste campeonato, porque é o meu primeiro ano. O Norman fez um trabalho fantástico e por causa dele nós terminamos na frente da McLaren”, enfatizou o piloto franco-argentino.


Apesar do objetivo ser sempre ficar no topo, Sacha reforçou que esse foi o primeiro passo de um plano que começou a ser desenhado esse ano.

A Nissan trará novos profissionais com bastante experiência para assumirem posições chave dentro da equipe a partir da próxima temporada.


“Não que ficar em sétimo lugar como equipe fabricante seja incrível, mas a McLaren tem muito mais experiência do que nós quando se trata de vencer, porque eles herdaram toda a estrutura da Mercedes que foi campeã da Fórmula E duas vezes. Nós o superamos tendo o mesmo trem de força e temos que nos orgulhar disso”, disse.


A pré-temporada da Fórmula E acontecerá mais cedo esse ano. Ao em invés de dezembro, os pilotos estarão na pista do Circuito Ricardo Tormo em Valência - testando o Gen3 com todos os seus novos ajustes - no final de outubro.

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