A Hora e a Vez de Pascal Wehrlein
Depois de passar por diversos problemas nas temporadas anteriores, Pascal Wehrlein vem dando a volta por cima em 2023, apresentando uma grande performance alinhada com o poderoso powertrain da Porsche
Em um começo de temporada extremamente positivo, Pascal Wehrlein venceu as duas corridas da rodada dupla de Diriyah - além do segundo lugar conquistado no E-Prix do México - fazendo com que ele se despedisse da Arábia Saudita como líder do campeonato da Fórmula E.
Apesar de ser apenas o início do campeonato, ver o Pascal no topo da tabela chega a ser reconfortante para aqueles que acompanham a categoria tempo o suficiente para saber todos os problemas que apareceram no caminho da Porsche e Wehrlein ao longo dos anos.
Desde que os trabalhos da equipe alemã começaram na sexta temporada da Fórmula E, ela nunca conseguiu se destacar entre os maiores times do grid.
Mesmo com alguns pódios conquistados, a equipe ficou em 8º lugar no campeonato de equipes na sexta e sétima temporada e ocupou o 7º lugar na oitava temporada em 2022, com os pilotos sempre ocupando posições fora do top 10 na classificação geral.
Quando as oportunidades batiam na porta, sempre acontecia algum problema com o carro, alguma situação de corrida ou erros grotescos da equipe.
Como o inesquecível caso da rodada dupla do E-Prix de Puebla em 2021, onde na primeira corrida, Pascal Wehrlein venceu e foi desclassificado por conta de problemas de documentação da equipe referente aos pneus. Na rodada do dia seguinte, após terminar em terceiro lugar, ele ficou fora do pódio por conta de uso indevido do fanboost, que gerou uma penalidade de 5 segundos, o fazendo cair para a quarta posição.
Wehrlein posando para fotos antes do pódio na rodada 2 do E-Prix de Diriyah (foto: Formula E)
Quando o desenvolvimento do Gen3 começou, a meta da Porsche era muito clara: ser uma equipe de ponta.
O objetivo foi reforçado durante a pré-temporada nas postagens da equipe nas redes sociais, deixando claro que quando a Porsche entra em uma competição é para ser uma das maiores forças e que o foco estava voltado inteiramente para isso. Havia chegado a hora de marcar território dentro da Fórmula E e desde que a temporada de 2023 começou, é o que vem sendo feito.
Tanto a Porsche, quanto a Andretti - que usa o trem de força da equipe alemã -, estão apresentando bons resultados com os seus pilotos, mas Pascal Wehrlein tem sido o principal destaque ao apresentar uma pilotagem agressiva unida a uma leitura de corrida precisa. Ele sabe quando atacar, de que modo atacar e como preservar o máximo possível de energia nesse processo.
"Nosso ritmo de corrida foi incrível. Soubemos utilizar o Modo Ataque no momento certo e não precisar usá-lo novamente após o safety car foi crucial. Todos trabalharam duro para isso e estou incrivelmente orgulhoso da equipe. Tínhamos o ritmo e o estratégia perfeita. Nunca esquecerei desse fim de semana”, afirmou Wehrlein em entrevista pós corrida.
As duas vitórias de Pascal em Diriyah, fazem até parecer fácil o resultado obtido devido às estratégias bem executadas, a frieza e paciência apresentada pelo piloto diante de situações onde era necessário realizar uma ultrapassagem ou se manter firme na liderança. Contudo, a tarefa foi árdua.
Em todas as ocasiões ele se viu pressionado por outros pilotos do grid, principalmente, Jake Dennis, que constantemente o atacava e ficou grudado com ele nos dois dias de corrida na Arábia Saudita, terminando em P2. Porém, Wehrlein venceu o britânico de forma inteligente, usando a tração e velocidade a seu favor ao entrar nas curvas de maneira rápida, diminuindo a velocidade e fechando o espaço um pouco antes de sair, só para acelerar com tudo novamente no instante em que uma reta aparecia diante de si para poder mergulhar nela.
Mesmo que os estilos de pilotagem sejam diferentes, ambos os pilotos são bastante cerebrais em seus ataques, muitas vezes optando por entrar no jogo do adversário antes de dar o bote. Entretanto, Dennis costuma imprimir mais velocidade em suas investidas e correr de maneira mais aberta, fechando os espaços em disputas de posição.
Wehrlein tem uma abordagem mais de condutor, ele procura dificultar o campo de visão de quem está atrás dele, fechando os espaços sempre que possível mesmo que não esteja diretamente disputando uma posição, tentando fazer com que sigam o ritmo que ele quer impor e no meio dessa “dança”, Pascal administra a energia de forma que quase sempre ele é um dos pilotos que mais tem carga disponível nas últimas voltas da corrida.
Pascal Wehrlein na celebração da vitória na rodada 3 do E-Prix de Diriyah (foto: Formula E)
Mesmo vivendo o seu melhor momento na categoria, Wehrlein sabe que o jogo está apenas começando e mesmo com os resultados positivos, Diriyah mostrou que as outras equipes estão se encontrando. Como no caso de Sam Bird, que conseguiu subir ao pódio ao ficar em P3 na rodada 2, além do P4 conquistado na rodada 3.
Como o próprio Wehrlein comentou no pós corrida da Arábia Saudita, equipes e pilotos “aprendem com o ontem”, por isso, o constante trabalho de acertar o ritmo e continuar evoluindo.
Todo mundo está em busca de bons resultados e com as próximas três etapas sendo em pistas completamente novas para o grid inteiro, pode ser uma boa chance de recomeçar para aqueles que ainda não conseguiram se encontrar nessas corridas iniciais.
Não dá para prever o que irá ocorrer até o final da temporada, mas por enquanto, o Porsche 99X Electric e Pascal Wehrlein estão sendo a definição de powertrain e piloto que é preciso ter em uma equipe para se destacar no Gen3.
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