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Foto do escritorSonia Cury

“Rei de Jacarta”, Max Günther fala sobre bom momento na Fórmula E

Dominante em Jacarta, Günther se abriu sobre a sua evolução no campeonato, a volta por cima da Maserati e o fato de ser o primeiro piloto desde o Fangio em 1957 a vencer pela equipe em um carro de fórmula



Depois de um final de semana perfeito na rodada dupla do E-Prix de Jacarta, Maximilian Günther, participou de uma coletiva de imprensa na última quinta-feira (8), para falar sobre o seu desempenho, a recuperação da equipe, o impacto de sua vitória para a Maserati e as expectativas para o restante da temporada.


O Entre Fórmulas esteve presente nessa coletiva e traz abaixo os principais pontos abordados pelo piloto da Maserati.


Na passagem da Fórmula E pela Indonésia, Günther dominou praticamente tudo ao ficar em primeiro lugar em todos os treinos livres, ser o pole position das duas corridas e conquistar um P3 na corrida de sábado e a vitória na corrida de domingo. Com isso, Max chegou aos 70 pontos e passou a assumir a sétima posição do campeonato de pilotos, ficando há 64 pontos de distância do líder, Pascal Wehrlein.


“Jacarta foi um grande resultado para a gente. A nossa temporada mudou com aquele pódio em Berlim. Os ajustes no carro estão ficando cada vez melhores. Nós fizemos alguns testes entre as etapas, a gente começou a ficar mais competitivo e é ótimo poder continuar com essa evolução. Eu espero que permaneça sendo assim nas próximas corridas”, disse.


O começo da temporada não foi fácil para a equipe tridente. As expectativas com a chegada da Maserati na Fórmula E, após assumirem a base da Venturi, eram muito altas e apesar de terem dominado a pré-temporada, quando o campeonato se iniciou oficialmente a história foi diferente.


Acidentes, falhas no carro, erros cometidos pelos pilotos e a falta de competitividade da equipe se tornou algo comum. Contudo, a partir do E-Prix de Hyderabad, a Maserati começou o seu plano de recuperação que aos poucos foi dando resultado. A equipe passou a aparecer mais nos duelos da classificação, começou a largar em melhores posições, até que isso finalmente se converteu em pontos e pódios.


Para Maximilian, construir uma jornada positiva com a equipe era extremamente crucial. A verdade é que não era para o piloto do carro de número 7 estar no time ítalo-monegasco. Apesar do bom retrospecto por já ter vencido corridas na Fórmula E, além de deter o recorde de piloto mais jovem a conquistar uma vitória dentro da categoria elétrica - feito esse conquistado por Max em 2020 no E-Prix de Santiago quando tinha apenas 22 anos -, o alemão vinha de uma temporada ruim na Nissan, cujo o carro era um dos mais fracos do grid na oitava temporada.


O fato é que Günther não era a primeira opção da Maserati, mas a oportunidade acabou surgindo e essa poderia ser a sua última chance de conseguir se firmar dentro da categoria.


“Foram quase dois anos sem vitória. A minha última vez tinha sido em Nova York em 2021 e ano passado não foi fácil para mim. Chegando no começo dessa temporada, apesar da alegria de estar na Maserati, passei por outro momento complicado. Apesar disso, eu estou orgulhoso de todos esses momentos difíceis, porque fez eu dar o máximo de mim e melhorar como piloto e como pessoa. Independente de qualquer resultado, eu vejo que eu estou na melhor versão de mim mesmo comparado com o ano passado”, comentou.


Max Günther durante a coletiva de imprensa (reprodução: Formula E)


Ao falar diretamente com o Entre Fórmulas, o piloto foi questionado sobre a declaração dada por ele após a corrida de sábado válida pela rodada 10, onde ele afirmou que o carro estava muito bom, mas que mesmo assim algo estava faltando e que ele e a equipe iriam fazer alguns ajustes para a corrida de domingo. Como ele acabou vencendo a prova de domingo, a pergunta foi voltada para o que foi feito de diferente no carro para a segunda corrida em Jacarta.


“Ao longo de todo o final de semana eu me senti confiante. Nós tomamos todas as melhores decisões da estratégia até acertos do carro, mas teve um momento no sábado que eu senti que algo não estava tão confortável e identificamos que foi uma coisa relacionada com o balanceamento do carro, o que não é tão fácil de ajustar na Fórmula E. O terceiro lugar foi ótimo, mas eu sabia que se a gente fizesse uns ajustes no carro para ficar do jeito que eu gosto, teríamos uma chance de vencer todo mundo no domingo e foi o que aconteceu”, explicou.


Ainda falando com o Entre Fórmulas, Max foi questionado se ele achava que poderia ter feito algo diferente no sábado para ter ficado com uma vitória ao invés de um terceiro lugar. Günther comentou que por mais que isso fosse uma vontade, naquele momento era arriscado tentar algo a mais.


“Eu estava assistindo a corrida dias atrás e é difícil explicar. Eu não estava me sentindo confortável na corrida pelas razões que eu comentei antes. Para ser honesto, o risco seria muito alto caso eu tentasse o P2, ou até mesmo brigasse pela vitória com o Pascal. Olhando agora que se passaram alguns dias, eu estou satisfeito com esse terceiro lugar, mesmo que tenha sido o único momento que a gente não terminou no topo naquele final de semana. Eu acho que, às vezes, no automobilismo você precisa aceitar que não é o seu dia, não é a sua vez. Porém, você precisa maximizar o que você tem, por isso, os 15 pontos que eu consegui para mim foram bons”, disse.


Mesmo com a distância em relação aos líderes, matematicamente, Max ainda tem chances de conquistar o título. O Entre Fórmulas perguntou como ele trabalha o seu lado mental em relação a isso, se ele é do tipo de piloto que sabendo dessa possibilidade prefere partir para o “tudo ou nada”, ou se ele apenas se preocupa em tentar fazer alguns pontos e ver o que acontece.


O piloto alemão destacou que está feliz por se encontrar em uma posição decente no momento, mas que o foco da equipe é seguir evoluindo com o carro o máximo possível. Também enfatizou que subir de posição no campeonato é algo que depende tanto da performance dele, quanto da performance de quem está na frente.


“Mentalmente, eu funciono sempre da mesma forma quando se trata de corrida. Eu foco somente no que eu posso melhorar, que é a minha performance com o carro e eu trabalho junto com a equipe para tornar o equipamento mais rápido. Depois eu vou passo a passo. Eu foco em cada sessão de treino, depois na classificação e corrida. Estando aqui, eu acho que se trata de tentar fazer o máximo de pontos que der ao longo da temporada. Eu não acho que seja muito conveniente ficar sempre falando ‘eu quero vencer’, ‘eu quero brigar pelo título’, porque de qualquer forma você quer fazer isso, caso contrário, nenhum de nós estaria correndo nesse campeonato. É assim que a minha cabeça funciona e eu espero que isso nunca mude”, destacou.


Os troféus conquistados pela Maserati em Jacarta (foto: Maserati MSG Racing)


A grande performance de Maximilian na capital da Indonésia, rendeu ao alemão o apelido "King of Jakarta" (Rei de Jacarta), além disso, ele se tornou o primeiro vencedor de corrida da Maserati em um carro de fórmula desde 1957, quando o piloto argentino Juan Manuel Fangio conseguiu esse feito na Fórmula 1.


“Eu estou muito orgulhoso. Se a 10 anos atrás alguém me falasse que isso iria acontecer, eu não acreditaria que um dia eu estaria conectado com o Juan Manuel Fangio de alguma forma. Sei que ele foi um piloto incrível e que conseguiu conquistar muita coisa não só na Fórmula 1, mas no automobilismo de uma maneira geral. Poder estar na história da Maserati junto com ele é surreal para mim”, disse emocionado.


No final da coletiva, ainda sustentando o mesmo sorriso de orelha a orelha que se fez presente desde o começo da conversa, Max destacou o crescimento da Maserati na temporada e que bons resultados como o obtido em Jacarta contribuíram muito para o aumento de confiança de todo o time.


O piloto até brincou sobre querer que o calendário tivesse um pouco mais de corridas disponíveis para que pudesse ter mais chances de uma possível disputa por título.


“No esporte tudo se trata do momento e é muito bom poder recompensar o time por todo o trabalho duro que eles vem fazendo nos últimos meses. Eu estou muito impressionado com a nossa recuperação na temporada. Ainda restam cinco corridas no campeonato. Se fosse por nós, provavelmente, a gente ia querer que tivessem mais corridas esse ano (para tentar subir mais no campeonato), mas até que não é tão ruim assim só faltar cinco corridas”, finalizou.



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