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Problema no Calendário: O Impasse entre Fórmula E e WEC

Foto do escritor: Sonia CurySonia Cury

Com o E-Prix de Berlim e as 6 Horas de Spa acontecendo na mesma data, Fórmula E e WEC terão que substituir alguns de seus pilotos



A rodada 9 e 10 da Fórmula E vai acontecer no desativado Aeroporto de Tempelhof, em Berlim, nos dias 11 e 12 maio. Entretanto, a rodada 3 da WEC em Spa-Francorchamps, na Bélgica, vai acontecer no mesmo período. 


O problema é que uma parte considerável dos pilotos da Fórmula E, também participam do mundial de Endurance. Devido a isso, foi sugerido que os pilotos corressem em apenas uma das provas da rodada dupla da Fórmula E em Berlim, mas após uma votação realizada entre as equipes da categoria elétrica, cinco das 11 equipes que integram o grid se opuseram à ideia. 


Seguindo à risca os contratos que cada piloto tem com ambas as categorias, equipes e patrocinadores, quatro deles terão que se ausentar da etapa da Fórmula E na Alemanha para honrar o seu compromisso com as 6 Horas de Spa da WEC, sendo eles: Sébastien Buemi, Robin Frijns, Nyck de Vries e Nico Müller


Já os outros pilotos do grid da Fórmula E, que também correm na WEC, vão se ausentar de Spa, fazendo com que as suas equipes no Endurance tenham que ir atrás de substitutos para a etapa de Spa. 


Ainda não há uma confirmação oficial de quem pode entrar para “tapar os buracos” no grid da FE, as especulações são muitas, mas é esperado que os reservas possam assumir essa posição ou até mesmo alguma equipe possa emprestar seu reserva para outra equipe se assim houver necessidade. 


Um exemplo foi em 2022, quando Sacha Fenestraz - que na época era reserva da Jaguar - correu pela Dragon Penske no lugar de Antonio Giovinazzi que tinha machucado a mão durante o E-Prix de Seul. Como se tratava de uma rodada dupla e o italiano não iria poder competir na segunda corrida, a Jaguar emprestou Fenestraz para Penske, já que na época o franco-argentino corria na Super Fórmula no Japão e era o piloto mais próximo da Coreia do Sul, com treinamento no carro da Fórmula E, disponível para assumir a posição. 


Buemi celebrando o seu pódio no E-Prix do México 2024

(Foto: Alastair Staley/Formula E)


A votação tirou as esperanças de Frijns, Buemi, De Vries e Müller, que esperavam conseguir correr nas duas competições. Caso o resultado fosse a favor do que foi solicitado, uma mudança teria que acontecer nas regras do artigo 5.5 do regulamento desportivo da Fórmula E, que determina que "a mudança de piloto após o final das verificações administrativas não é autorizada, exceto em caso de força maior e com a autorização dos comissários de acordo com os artigos 19.1 e 24.15". Este último afirma que “antes do final das verificações iniciais, cada competidor deve especificar quais dos seus pilotos conduzirão quais carros”.


Com 5 das 11 equipes se opondo às mudanças, o regulamento seguiu intacto, porque a mudança só poderia ocorrer em caso de decisão unânime. 


Roger Griffiths, chefe da equipe Andretti, comentou a respeito do assunto e admitiu que foi um dos que votou contra a mudança do regulamento. 


“Todos nós começamos a temporada sabendo que haveria um conflito nas datas. Então, cada um tinha uma escolha, cada um escolheu a sua prioridade e sabia das consequências de sua decisão, portanto, precisam aceitá-la. Não adianta ficar chorando por causa disso, só porque agora se deram conta do que isso realmente significa”, afirmou. 


Seguindo as regras, as equipes não têm direito de apelar dessa decisão e, portanto, o assunto foi considerado como encerrado. 


A Envision é a única equipe que terá que substituir a sua dupla de pilotos, enquanto Mahindra e ABT vão perder apenas um piloto titular. No caso da atual campeã por equipes da Fórmula E, os prováveis substitutos deverão ser Joel Eriksson e Tom Dillmann, que já atuam como pilotos de teste e reserva da Jaguar.


A mídia brasileira chegou a especular que Felipe Drugovich poderia ser um dos pilotos substitutos na Envision, mas por não ser um reserva direto da equipe a prioridade não é dele. Todavia, qualquer possibilidade foi findada após a confirmação de que Felipe vai competir na European Le Mans Series (ELMS) pela equipe Vector Sport na LMP2.


No caso da Mahindra, há apenas dois nomes que circulam na cabeça do chefe de equipe Frederic Bertrand e a ideia é seguir a regra de priorizar os reservas do time, portanto, Jordan King ou Kush Maini, deverão substituir De Vries no carro 21. 


No caso da ABT, a equipe alemã tem duas possibilidades de substituição de Nico Müller e a escolha ficaria entre Kelvin van der Linde e Tim Tramnitz.


As maiores chances são de Kelvin van der Linde, porque Tramnitz já está programado para testar pela equipe no Teste de Novatos da Fórmula E, que acontece um dia depois da rodada dupla em Berlim, e caso ele corra não poderá mais participar do teste de novatos, pois segundo o regulamento da FE “qualquer piloto que já participou de uma corrida oficial da categoria elétrica não pode fazer os testes de novato”.


Na WEC, Müller compete pela Peugeot na classe Hypercar junto com Vergne, que vai

se ausentar em Spa para correr no E-Prix de Berlim (Foto: Simon Galloway/Formula E)


Como Kelvin van der Linde substituiu Robin Frijns na ABT em algumas corridas na temporada de 2023, depois do piloto holandês fraturar a mão, acredita-se que ele é quem deverá entrar no lugar de Müller, para que Tramnitz não seja prejudicado. 


Apesar de também correr na WEC, a equipe de Kelvin, Akkodis ASP Lexus, parece ser mais flexível para liberação de seus pilotos e a ABT acredita que não terá problemas em trazer Van der Linde para competir na Fórmula E


Todo esse problema não estaria acontecendo se ambos os campeonatos seguissem trabalhando juntos - como vinha ocorrendo desde 2017 - para que não houvesse encontro de datas. Porém, com a ascensão de ambas as competições, ninguém quis dar o braço a torcer. 


A dificuldade deste ano foi gerada por conta da data do E-Prix de Xangai, que ficou para o final de maio. Logisticamente, era quase impossível para a Fórmula E atrasar ou adiantar a data de Berlim, porque essa parte da temporada se baseia muito em quando é possível correr em Mônaco. 


A questão toda de datas iguais, gerou bastante atrito entre pilotos e equipes afetadas. Agora, o esperado é que para 2025, tudo seja elaborado de uma maneira onde ambos os campeonatos não sejam afetados por conflito de calendário.


E de forma mais prática, a FIA deveria tentar estimular mais o diálogo entre os dois campeonatos para aproveitar ao máximo a abundância de fins de semana livres entre os nove meses ativos do ano.


Os pilotos envolvidos são grandes nomes para ambas as categorias e seria uma perda muito grande para a WEC ou para a Fórmula E ter que dizer adeus em definitivo para algum deles, caso os pilotos precisem escolher uma única opção no futuro.

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