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Max Günther celebra vitória em Tóquio e a evolução da Maserati: “Estar com eles é muito recompensador”

Foto do escritor: Sonia CurySonia Cury

Em entrevista, Max comentou sobre a vitória no Japão, performance da Maserati e o novo momento que vive em sua carreira, onde pela primeira vez é o piloto mais experiente de uma equipe



Animado com o triunfo conquistado no Japão, Maximilian Günther, piloto da Maserati MSG Racing, concedeu uma entrevista para alguns veículos de imprensa dias depois de vencer o E-Prix de Tóquio. O feito marcou a quinta vitória do piloto alemão dentro da Fórmula E, sendo essa a segunda vez que ele subiu no lugar mais alto do pódio vestindo o macacão da equipe tridente. 


O Entre Fórmulas foi um dos representantes do Brasil nessa coletiva de imprensa e uma das primeiras perguntas feitas a Günther, foi em relação a estratégia adotada por ele e pela equipe na pista de Tóquio. 


Devido a configuração do traçado, os carros ficaram muito próximos uns dos outros e as oportunidades de ultrapassagem não eram tão grandes, por isso, executar uma boa administração de energia e saber se aproveitar das pequenas vantagens de gap, poderia ser a melhor saída para uma escalada de posição. 


Observando a prova, foi possível notar que Max foi um dos pilotos que mais demorou para fazer as duas ativações do Modo Ataque. Enquanto a maioria do grid fez a primeira ativação até a volta 10, Günther acionou a sua primeira potência extra na volta 14. A sua segunda ativação ocorreu somente na volta 28, próximo da reta final da prova e em um momento onde praticamente todos os outros pilotos já tinham cumprido com ambas as ativações obrigatórias. 


Focando nisso, o Entre Fórmulas questionou se a decisão de fazer as ativações de Modo Ataque de maneira tardia foi algo pensado antes da corrida ou se foi uma leitura de situação que fizeram enquanto a prova já estava acontecendo. 


“Foi tudo um grande trabalho da equipe, que pensou nas estratégias para essa corrida e foram muito assertivos. Tóquio é difícil de ultrapassar e tem basicamente dois bons lugares onde dá para fazer isso”, comentou.


Ainda sobre o raciocínio em relação a estratégia da Maserati e o desempenho na corrida, Günther confessou que o começo da prova não foi bom para eles, pois largaram do lado sujo da pista e de início perderam uma posição. Max caiu de segundo para terceiro, ficando atrás de Rowland e Mortara, além de ficar pressionado pelos carros da Porsche


“Os carros da Porsche colocaram muita pressão na gente por conta do ritmo forte. Estávamos encurralados nessa situação e, por isso, foi importante conseguir manter a posição na pista. Essa foi a razão pela qual a gente esperou um tempo para pegar o Modo Ataque, foi para não perder o P3. E eu consegui passar o Mortara depois disso, o que abriu nossas chances na corrida um pouco mais”, disse. 


Max celebrando no parc fermé após vencer em Tóquio (Foto: Andrew Ferraro/Formula E)


Depois de passar de seu ex-companheiro de equipe, o próximo desafio de Max para ir em busca da vitória era ultrapassar Oliver Rowland, que tinha conquistado a pole position em Tóquio e estava dando tudo de si, uma vez que além de ser a primeira corrida da Fórmula E no Japão, também foi a primeira vez que a Nissan correu em casa na categoria. 


Max sabia que a única chance era partir para cima e assumir a liderança da prova - mesmo que custasse um gasto significativo de energia - o que não foi uma tarefa simples, porque Rowland estava se defendendo muito bem, mas Günther soube se aproveitar das brechas proporcionadas após as curvas 16 e 17, para se aproximar de seu adversário o máximo possível para ultrapassá-lo. 


“Com a liderança, o que nós tínhamos que fazer era abrir uma vantagem para se manter na frente do Oliver ao pegar o segundo Modo Ataque e foi o que fizemos. Porém, isso teve um custo de energia, tanto que foi muito disputado até o final por conta disso. Na última volta, o Oliver avançou para cima de mim, mas eu me defendi cortando por dentro e mantive a posição”, explicou. 


Com foco no calendário, Max foi questionado sobre o E-Prix de Misano, na Itália, porque será uma rodada dupla. Além de Misano e do México no começo do ano, a Fórmula E tem mais dois encontros com autódromos: Circuito Internacional de Xangai e Portland International Raceway. 


O piloto comentou sobre as diferenças de correr em pista de rua e de autódromo e também respondeu a um outro questionamento que o Entre Fórmulas fez em relação a ausência de Jacarta no calendário de 2024, porque devido ao bom desempenho do Max no país, ele recebeu o apelido de "Rei de Jacarta". 


“Começando pelo final, com certeza eu adoraria ter rodadas duplas e até triplas em Jacarta”, comentou rindo. “Mas as coisas são como elas são e nós temos que ser competitivos ao longo de todo o ano. Eu estou feliz que nós conseguimos ter um ritmo tão bom em corridas de rua como lá (em Jacarta) e em Tóquio.”


Sobre a preparação para os diferentes tipos de pista, Günther revelou que o principal é entender o gerenciamento de energia de acordo com o tipo de traçado e condições que vão enfrentar. Cada corrida é única, portanto, a preparação da equipe é fundamental para compreender as vantagens e desvantagens e em cima disso elaborar as estratégias pensando nos possíveis imprevistos que podem vir a acontecer. 


“Tem corridas que são mais difíceis de ultrapassar, onde a classificação e a posição no grid é mais importante. Também temos as corridas que são mais tradicionais com a questão de salvar bastante energia. E temos as corridas de pelotão, que são um outro grande desafio, porque você precisa ser muito esperto sobre como você toma decisões e se move dentro de pista. Eu acho que tanto para os pilotos, quanto para os fãs, é empolgante ver tantas formas diferentes de corrida em uma única temporada”, disse. 


Maximilian Günther sustenta o recorde de piloto mais jovem a ter vencido uma corrida da Fórmula E, quando com apenas 22 anos foi o vencedor do E-Prix de Santiago em 2020. O piloto teve passagens pela Dragon Penske, BMW Andretti e Nissan e.dams, antes de finalmente ingressar na Maserati em 2023.


A trajetória do alemão foi repleta de altos e baixos dentro da categoria, mas pela primeira vez parece que ele finalmente tem a chance de ser o cara do time, aquele que lidera um projeto.


Max ao lado de Lizzie Brooks, que acompanha o piloto em todos

os compromissos com imprensa (Foto: Maserati MSG Racing)


O Entre Fórmulas entrou nesse tópico com Günther para saber se ele também se sente dessa forma e o piloto foi cuidadoso com as suas palavras, mas afirmou que sim e incluiu o time como parte fundamental de sua evolução. 


“Agora é a primeira vez que eu sou o piloto mais experiente da equipe que eu faço parte, então, é uma situação nova para mim. É ótimo assumir esse papel de liderança, mas isso não significa que eu não tenha feito isso nos outros anos e em outras circunstâncias”, comentou. 


Max sempre foi muito conhecido por ser um cara dedicado, inclusive, durante a coletiva de imprensa, Lizzie Brooks, que comanda a comunicação da Maserati e acompanha o piloto nos compromissos com a imprensa, participou brevemente do papo e rasgou elogios à Günther, destacando que nada é sorte, mas sim muito trabalho da parte dele e de todo o time.


Com mais de 20 anos de experiência no automobilismo, tendo passado um bom tempo dentro da Fórmula 1 e com 6 anos de Fórmula E no currículo, Liz afirmou que Maximilian Günther é facilmente um dos pilotos mais dedicados que ela já teve a oportunidade de trabalhar em toda a sua carreira. 


“Eu acho que nós estamos indo bem e a entrega da equipe é incrível. Como a Liz (assessora) mencionou, nós não somos a maior equipe do grid, mas a forma em como extraímos uma boa performance do nosso carro, como trabalhamos e como as pessoas do time assumem as responsabilidades, faz com que eu me sinta inspirado por elas. O nosso objetivo é continuar em frente desse jeito e definitivamente estar com eles é muito recompensador”, afirmou Max.


Com apenas 26 anos, 72 corridas disputadas na Fórmula E, 9 pódios, 5 vitórias e 2 poles, Maximilian Günther é um caso curioso de alguém que ainda tem muita carreira pela frente, mas ao mesmo tempo já tem muita experiência dentro da categoria. 


Para quem se lembra do novato Max lá em 2018, que sempre entregou muita velocidade, mas pecava na paciência e controle dentro de pista; ter tido a oportunidade de vê-lo errar e acertar, triunfar e cair, mas acima de tudo, crescer e evoluir, é uma das coisas mais emocionantes de se presenciar. 


Nesse processo, Günther foi aprendendo a dosar as suas loucuras, a cuidar da parte psicológica e se manteve firme quando quase todas as portas se fecharam em 2022. Mas a Maserati surgiu de última hora e o escolheu como uma segunda opção em meio ao caos, tendo o alemão como um tapa buraco, um piloto temporário.


Nos últimos anos, enquanto corria ainda sob o nome de Venturi, a equipe monegasca sempre correu atrás da experiência, de pilotos com títulos ou que quase chegaram lá na Fórmula E, porém, sempre ficou no ar uma sensação de que algo ainda estava faltando.


Günther entrou na MSG quando ocorreu a reformulação de Venturi para Maserati e muita coisa mudou. Enquanto ninguém olhava para ele, Max trabalhou firme no simulador e na pista, se envolveu profundamente com o time, sendo parte das reuniões, das preparações técnicas, das decisões e se encaixou perfeitamente com cada membro da equipe.


No fim, a Maserati foi surpreendida ao descobrir que contra todas as probabilidades, o que a equipe realmente precisava fazer era deixar a fase da Venturi para trás e colocar o foco em sua reconstrução não com alguém pronto, mas sim, com alguém disposto a ser lapidado junto com o time. 

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