Campeão da Fórmula E, Jake Dennis fala sobre título, Andretti, Felipe Drugovich e Fórmula 1
Em entrevista, Jake Dennis comentou sobre a temporada de 2023, falou de Drugovich como o seu possível novo companheiro de equipe e reforçou que o seu foco é na Fórmula E: “Não tenho planos de ir para a Indy ou a Fórmula 1.”
Jake Dennis está nas nuvens depois de ter conquistado o seu primeiro título mundial ao se tornar campeão da 9ª temporada da Fórmula E. O piloto da Andretti celebrou a vitória no final de julho durante o E-Prix de Londres com uma corrida de antecedência.
Dennis fez uma temporada histórica, onde bateu diversos recordes da categoria. Além de entrar para o seleto grupo de pilotos campeões, Jake conseguiu atingir a marca de mais pontos (229) e pódios (11) conquistados em uma mesma temporada. Ele também foi o primeiro a fazer dois grand chelem na Fórmula E e conseguiu a façanha de ser o piloto com mais voltas rápidas em uma mesma temporada ao fazer o melhor tempo em cinco oportunidades.
Durante coletiva de imprensa dias após a conquista do título, o piloto de 28 anos compartilhou como estava se sentindo, falou sobre o seu desempenho na temporada, o trabalho da equipe, a competência de seus adversários e comentou sobre o futuro.
“Tem sido um turbilhão de emoções nesses últimos dias. Eu ainda sinto como se eu estivesse no dia em que me tornei campeão. Eu não sei se algum dia eu serei capaz de descrever como eu me senti quando cruzei a linha de chegada, mas isso significa muito para mim. A equipe trabalhou duro nos últimos anos para atingir esse objetivo e eu fico feliz em poder retribuir isso para eles”, disse.
Refletindo sobre a temporada de um modo geral, Jake destacou como todos tiveram que lidar com muitas novidades de uma só vez. O ano de 2023 marcou a estreia do Gen3, que ao longo da temporada foi sendo evoluído com atualizações de software e melhorias na segurança, além de terem que lidar com os pneus robustos da Hankook e mais uma série de novos implementos que não faziam parte da geração anterior de carros da categoria elétrica.
“Foram muitas coisas novas para assimilar nas mais diversas áreas e não apenas na parte dos pilotos. Eu senti que fizemos um bom trabalho. A gente sempre esteve atrás de bons resultados. Nem sempre eram vitórias, mas a gente tentava extrair o melhor de cada sessão, cada volta e eu acho que o nível que eu e a Andretti conseguimos chegar juntos foi gigante.”
Nick, Jake e Mitch com os troféus de segundo, primeiro e
terceiro lugar no campeonato, respectivamente (foto: Formula E)
A IMPORTÂNCIA DOS ADVERSÁRIOS E A CONSISTÊNCIA
Uma das coisas que mais chamou a atenção na reta final do campeonato da Fórmula E foram as constantes declarações dos pilotos, que estavam na briga pelo título, sobre como um tinha impactado diretamente no crescimento do outro dentro da competição e isso foi reforçado mais uma vez por Dennis, que elogiou os seus adversários.
“Todos nós estávamos tentando conquistar o máximo de pontos que podíamos. Nick foi um grande adversário; a performance dele foi de um nível tão alto que me forçou a querer ser melhor, e o mesmo vale para o Mitch e o Pascal. Nós tivemos esse efeito uns nos outros de extrair o melhor que cada um tinha”, destacou.
Para Jake, o seu diferencial em relação aos outros pilotos para a conquista do título foi a consistência. A obrigação da equipe era entregar um bom carro e a responsabilidade dele era não cometer erros.
“Apenas em três ou quatro corridas que a gente não conseguiu ir para o pódio. Foi realmente impressionante o que a equipe fez para me entregar um bom carro, com isso, a minha obrigação era ter um bom desempenho na classificação e fazer uma boa corrida, porque todo mundo ali estava forte. Os outros caras conseguiram mais vitórias, mas quando se tem duas pole positions, duas vitórias e 11 pódios em 16 corridas, você sabe que não teve uma má temporada, certo? No fim, a consistência foi a chave”, afirmou.
Dennis se aproximou ainda mais de seu chefe, Michael Andretti, nessa temporada. Michael acompanhou de perto as atividades da sua equipe na Fórmula E e esteve presente para prestigiar o trabalho do time em diversas corridas do calendário.
“Ele é muito ocupado com a Indy e com todos os compromissos que ele tem, mas nesse ano ele esteve presente nas corridas. Ele realmente me surpreendeu com a forma em que ele lida com as coisas na perspectiva de um piloto primeiro e depois como chefe. Ele sempre queria saber o que era melhor para mim como piloto e é difícil você ter isso. Você vê os chefes e outros membros da comissão técnica de grandes equipes e a maioria nunca foi piloto. Então, é mais difícil criar uma conexão com eles, mas com o Michael é diferente. Ele já esteve nessa posição, ele já passou por isso, já venceu corridas e já foi campeão”, disse.
Jake Dennis em sessão de fotos depois da vitória (Foto: Avalanche Andretti)
DEFESA DO TÍTULO, NOVO PILOTO NA ANDRETTI E FUTURO
Com contrato para 2024, Jake Dennis enfatizou que defenderá o seu título e que acredita que, devido ao congelamento do Gen3 no próximo ano, pouco poderá ser feito na evolução do carro, por isso, as mesmas equipes deverão disputar o título no próximo ano.
“Teremos limitações em relação ao que podemos mexer nos carros. É claro que veremos alguma evolução e a diferença entre as equipes será menor, mas não será nada grandioso. O trem de força da Porsche é definitivamente um dos melhores do grid, junto com o da Jaguar. Acho que os times com esses trens de força estão um pouco acima dos demais e será uma competição apertada entre nós na décima temporada.”
Com a saída de André Lotterer da Fórmula E e os rumores acerca de Felipe Drugovich assumir a vaga deixada pelo alemão, foi perguntado a Dennis sobre o piloto brasileiro e se ele será seu novo companheiro de equipe. Apesar de não responder diretamente a pergunta, Jake elogiou a pilotagem de Felipe e afirmou que ter alguém como ele na Andretti seria muito positivo.
“Não há dúvidas em relação ao talento do Drugovich. Ele venceu o título dele na Fórmula 2 de maneira muito dominante e ele é capaz de vir para a Fórmula E e entregar bons resultados. Nós todos vimos o seu potencial ao liderar os testes de novatos. Em relação ao Felipe entrar na Andretti, com certeza há um interesse nele e também em alguns outros pilotos que temos no grid. Entretanto, não temos pressa para assinar com ninguém. Acabamos de vencer o campeonato, nós vamos curtir isso e depois com calma vamos focar na nova contratação. Mas, independente de para onde o Felipe vá, com certeza ele estará dirigindo um carro de corrida no próximo ano. Ele merece isso”, afirmou.
Uma coisa que se tornou comum nos últimos anos por parte da mídia são as especulações que explodem em torno de qualquer piloto campeão de uma grande categoria dentro do automobilismo, como um possível candidato à Fórmula 1. Com os pilotos da Fórmula E, isso não é diferente.
Apesar da ida de Nyck de Vries para a Fórmula 1 ter causado mais barulho - principalmente por conta de seu baixo desempenho - outros nomes do grid da Fórmula E, que já passaram pela Fórmula 1 como pilotos titulares ou de testes, chegaram a ser cogitados e até receberam convites para um retorno depois de conquistarem o título da categoria elétrica.
Recém-campeão, Jake Dennis falou sobre o assunto ao ser perguntado sobre os objetivos que ele traça para si dentro do automobilismo e se pensa em deixar a Fórmula E.
O britânico tem uma forte ligação com a Red Bull, porque há anos ele ocupa o cargo de piloto de simulador e desenvolvimento do carro de Fórmula 1 da equipe austríaca. Portanto, ele é quem testa as tecnologias que podem ser aplicadas no carro de Max Verstappen e Sergio Pérez. Além disso, a Andretti também vem tentando conquistar uma vaga dentro do grid da Fórmula 1.
“O meu plano é permanecer na Fórmula E por muitas temporadas. Eu não tenho a intenção de ir para outro lugar. Eu sei que a Andretti está tentando um espaço na Fórmula 1, mas falando sobre mim, eu sinceramente não me vejo indo para a Fórmula 1. Vamos ver como as coisas vão se desenrolar nos próximos anos, mas eu acho que apenas irei continuar com o meu trabalho com a Red Bull de ajudar no desenvolvimento dos carros.”
Jake enfatizou que está perto dos 30 anos e com tantos pilotos mais novos tentando espaço na Fórmula 1, ele sabe que nunca será prioridade. Além disso, ele está acostumado com como as coisas na Fórmula E funcionam e a categoria é uma das poucas que lhe oferece um equilíbrio de vida profissional e pessoal.
“Eu estou bem na Fórmula E e nunca tive um equilíbrio tão bom entre trabalho e vida pessoal como tenho agora. Eu posso correr e fazer o que eu amo, mas sem comprometer a parte de ter uma vida normal onde eu consigo estar presente na vida dos meus familiares e amigos. Isso é muito importante para mim”, enfatizou.
Com um contrato assinado por múltiplos anos com a Andretti, o atual campeão da Fórmula E se sente honrado em ser parte de uma marca tão grande no automobilismo. Apesar de ter feito um teste sem compromisso para a Indy em 2022 e ser colocado como um nome que poderia ir para a Fórmula 1, caso a Andretti consiga uma das vagas, Jake Dennis por enquanto tem outros planos. Segundo ele, o ambiente da Fórmula E é acolhedor e lhe permite ter a qualidade de vida que sempre sonhou.
“Por mim, eu permaneço na Fórmula E. Não tenho planos de ir para a Indy ou a Fórmula 1”, finalizou.
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