Vencedor em Portland, Nick Cassidy analisa temporada e fala sobre a reta final da Fórmula E
Na disputa pelo título, Cassidy comenta sobre o seu desempenho, pistas favoritas e o calendário da temporada de 2024

Vitorioso no E-Prix de Portland e com um total de 153 pontos no campeonato, Nick Cassidy está 1 ponto atrás de Jake Dennis, que assumiu a liderança depois de conquistar a pole position e ficar em segundo lugar na corrida nos Estados Unidos. Faltando apenas quatro corridas para o término da 9ª temporada da Fórmula E, a briga pelo título promete ser emocionante, ainda mais com Pascal Wehrlein e Mitch Evans também tendo chances de erguer a taça de campeão.
Em entrevista realizada na última quinta-feira (29), Nick Cassidy falou com o Entre Fórmulas e alguns outros veículos, sobre o momento que ele está vivendo no campeonato, indo desde o seu desempenho até as expectativas para a reta final da Fórmula E.
“Eu gosto da pista de Roma, foi onde eu conquistei a minha primeira pole position na Fórmula E. No ano passado, eu tive alguns problemas com o freio, mas depois consegui fazer uma boa corrida. Apesar do trem de força da Jaguar ter tido um bom desempenho na temporada passada, no Gen3 o desenvolvimento das equipes fabricantes ainda está acontecendo, então, eu tenho certeza que será um final de semana difícil”, comentou Nick em relação a prova que será disputada na Itália.
Mesmo com a vitória em Portland, Cassidy revelou que a pista foi uma das piores para o carro da Envision e que tem esperanças que a performance do Gen3 em Roma seja mais semelhante com o que ele experimentou na Cidade do Cabo e em São Paulo.
“Eu acho que Roma pode funcionar melhor (para a Envision). Portland e Jacarta foram as piores pistas para o nosso carro por conta do estilo das curvas, o modo de lidar com a velocidade e o tempo de freada para a regeneração de energia. Eu estou esperando que seja mais parecido com São Paulo ou Cidade do Cabo, porque Roma para mim é uma das melhores pistas do calendário, tem partes da pista que são bem legais e com muitas ondulações, por isso, estou bastante ansioso”, disse.

Nick Cassidy durante a coletiva de imprensa (Reprodução: Formula E)
Falando diretamente com o Entre Fórmulas, o neozelandês foi perguntado sobre o que ele achou da pista de Portland e se a Fórmula E está pronta para mais pistas como essa. Após a corrida, alguns pilotos expressaram o seu descontentamento com a pista devido aos perigos e dificuldades encontradas.
“Eu acho que o DNA da Fórmula E são as pistas de rua. Elas são ótimas e se encaixam mais com o nosso carro, mas pra mim a corrida em Portland foi igualmente emocionante. Acredito que ambos podem funcionar, basta ser feito no formato certo. Acho que é natural que você encontre um piloto que não terminou nos pontos ou teve uma corrida ruim, que vai te dizer que o tipo de pista não é muito viável. É normal. Ao mesmo tempo, eu acredito que muitas pessoas não entendem as dificuldades que o campeonato tem em elaborar um formato de corrida para esse carro que, inclusive, não tem muito arrasto. Aliás, esse é um conceito equivocado que muitos têm sobre o Gen3”, explicou.
Complementando o raciocínio, Nick contou que devido às diferentes configurações de pista, é normal que sempre tenha alguma corrida do calendário onde o carro vai ter um desempenho mais lento na primeira parte da prova em comparação com a parte final e que é importante ter um equilíbrio.
“Complicado seria só ter corridas como Portland e Berlim, ou só ter corridas como Jacarta que é mais parado e com pouca ultrapassagem. Essa é a situação. Mas eu também acho que, como eu disse, muitos não compreendem e estão equivocados (sobre o carro do Gen3). E você sempre terá opiniões diferentes dependendo da posição que alguém terminou na corrida.”
Entrando no tópico relacionado a classificação, foi observado que em uma boa parcela das provas disputadas na temporada, a posição obtida por um piloto na classificação não fez muita diferença na corrida. Entretanto, as próximas duas rodadas duplas serão em Roma e Londres, cidades que dentro do que foi visto no Gen2, a posição conquistada na classificação tem impacto na corrida.
Nick foi perguntado pelo Entre Fórmulas se achava que isso poderia tornar as próximas etapas mais desafiadoras para ele, levando em conta que o seu desempenho na classificação não é tão forte se comparado com o seu ritmo de corrida.
“Sinceramente, eu também tinha a mesma opinião. Eu achava que a minha performance na classificação não era forte o bastante, mas aí eu olhei alguns dados e eu descobri que eu tenho a quinta melhor média da temporada de bom desempenho na classificação e isso me surpreendeu! Meu desempenho na classificação em comparação com os meus companheiros de equipe nas primeiras corridas do ano, não foi bom. Mas se você olhar as últimas cinco corridas, eu tenho estado entre os principais dos que usam o trem de força da Jaguar”, revelou.
Entretanto, Cassidy deixou claro que começar na frente, independente do tipo de pista, é sempre a melhor posição para se estar.
“Se eu pudesse escolher, sempre começaria na frente. Até mesmo em Portland ou em outras pistas, porque para sair de trás e chegar na frente, você sempre precisa gastar energia. Se você está na frente e perde algumas posições, isso quase não te faz gastar energia (ao tentar recuperar a posição).”
Em entrevista realizada com o piloto em abril, Nick Cassidy contou ao Entre Fórmulas qual foi o seu “momento de virada” em relação a sua confiança dentro do campeonato na temporada passada, por isso, a pergunta foi refeita tendo o foco direcionado para a temporada atual e qual foi o momento em que ele sentiu que de fato tinha uma chance de disputar o título.
“Provavelmente na Cidade do Cabo, lá eu senti que eu era o cara mais rápido. No treino livre eu fiz uma ótima volta e na classificação nós tínhamos tanta velocidade que eu poderia fazer a volta usando apenas 90% (da potência) que eu iria bem”, disse.
Nick completou dizendo que desde o início ele acreditava na capacidade da Envision e que sentia que o trem de força da Jaguar tinha potencial para brigar na frente.
“Quando eu analisei a primeira corrida no México e as corridas na Arábia Saudita, notei que terminei a corrida com muita energia, 4% de bateria na Cidade do México e com 3% em Diriyah. Isso me provou que a gente era forte e que eu só precisava de mais experiência com esse carro. Acho que durante os testes da pré-temporada, a gente não fez muito em comparação com os nossos adversários e eu precisei das primeiras corridas do ano para adquirir mais conhecimento sobre o carro”, explicou.

Cassidy após vencer em Portland (Foto: Envision Racing)
Em um momento mais descontraído da conversa, Cassidy foi questionado sobre o calendário de 2024 e ele declarou estar muito animado para poder retornar ao Japão, já que por muitos anos ele morou no país por competir na Super Fórmula, onde conquistou o título em 2019.
“Estou super ansioso para Tóquio, eu acho que é uma adição ótima. Eu já vi o mapa do traçado provisório e é bem na área da antiga academia que eu ia. São ruas que eu conheço muito bem e deverá ser muito legal”, afirmou.
Ainda sobre o calendário, algumas cidades ainda não foram anunciadas e Nick foi questionado sobre quais locais ele escolheria para colocar no calendário.
“Eu não sou a melhor pessoa para tomar esse tipo de decisão, mas eu adoraria voltar para a Cidade do Cabo, como piloto foi uma das melhores pistas. Foi divertido e nos colocou no limite.”
Em seguida, Cassidy perguntou se São Paulo já tinha sido anunciado, porque não se lembrava e ao descobrir que a cidade brasileira está inclusa nos planos para o ano que vem, disse:
“Eu também escolheria São Paulo, mas já está confirmado.”
A falta da menção a Nova Zelândia chamou a atenção e quando questionado sobre não ter incluído o seu país natal na rota, a resposta bem humorada e até sem sentido de Cassidy - se levar em conta que momentos antes ele estava empolgado sobre correr no Japão - surpreendeu e proporcionou risos em todos os presentes na coletiva.
“Seria legal ir para visitar a família, mas é meio longe, né?”, brincou.
Com seis pódios conquistados na temporada, sendo que em três ocasiões (Berlim, Mônaco e Portland) ele subiu no degrau mais alto, Nick Cassidy vive um dos melhores momentos de sua carreira. O seu amadurecimento dentro de pista é notório e devido a tudo o que foi apresentado por ele até aqui, é bonito vê-lo na disputa pelo título com pilotos que tiveram uma trajetória tão interessante quanto a dele dentro do campeonato.
Comments