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Robin Frijns: O agridoce ano de 2021 e a sua trajetória vencedora

Foto do escritor: Sonia CurySonia Cury

Sendo um dos grandes nomes da base na mesma época de Jules Bianchi, Frijns vem conseguindo trilhar um caminho de sucesso mesmo sem ter tido chance na Fórmula 1



Uma das coisas mais comuns de se ver dentro do caminho até a Fórmula 1, são talentos que passam pela base se destacando, ganhando títulos e muitas vezes ao terem a chance de ingressar na categoria acabam batendo com a cara na porta, seja por falta de oportunidade, seja por falta de dinheiro e patrocínios.


A história de Robin Frijns, piloto da Fórmula E, é mais uma dessas narrativas, entretanto, o neerlandês buscou espaço em outras categorias e trilhou o seu caminho mantendo aquilo que vem consigo desde a base. Frijns é um piloto que se adapta fácil aos novos ambientes em que é colocado, mostrando que consegue fazer uma leitura precisa das situações de pista e também transitar em diferentes estilos de pilotagem de acordo com o tipo de carro e formato de campeonato.


Fazendo um resumo de sua trajetória, Robin começou a chamar atenção em 2009, quando correu na Formula BMW - que é semelhante a atual Fórmula 4 -, pela equipe Kaufmann Racing. Logo em sua primeira temporada, ele conseguiu ficar em terceiro lugar no campeonato, conquistando seis idas ao pódio (sendo em uma delas para celebrar uma vitória), uma pole position e uma volta mais rápida, acumulando 265 pontos.

No ano seguinte, ele permaneceu na mesma equipe e correu contra nomes conhecidos como Jack Harvey e Carlos Sainz Jr. Frijns sagrou-se campeão daquela que foi a última temporada da Formula BMW, obtendo treze pódios, onde conquistou seis vitórias, três pole positions e três voltas rápidas, totalizando 383 pontos.


Foto 1 - Grid da Formula BMW, Frijns é o quarto piloto da direita para esquerda na fileira de cima.

Foto 2 - Frijns campeão da Formula BMW em 2010


Em 2011, ele permaneceu correndo pela Kaufmann Racing, mas agora na Formula Renault 2.0 Eurocup e Formula Renault 2.0 Northern European Cup.

Na Northern European Cup, ele ficou em quarto lugar com sete pódios, conquistando uma vitória, uma pole position e duas voltas mais rápidas, totalizando 238 pontos. Ele acabou não fazendo as últimas 6 corridas da temporada, que sagrou Carlos Sainz Jr. como campeão, tendo Daniil Kyvyat em segundo lugar e Stoffel Vandoorne em terceiro.

Já na Eurocup, ele foi o grande campeão com nove pódios (sendo que em cinco oportunidades ele foi o grande vencedor da corrida) e uma pole position, conquistando 245 pontos.


Robin Frijns celebrando algumas de suas vitórias na Formula Renault 2.0


No ano de 2012, Robin decidiu tentar novas oportunidades e ingressou na Formula Renault 3.5 correndo pela equipe Fortec Motorsport.

Nesse campeonato, o neerlandês enfrentou pilotos que eram considerados grandes promessas do automobilismo, como Jules Bianchi e Sam Bird, que já faziam testes em equipes da F1 na época. Além disso, nomes como Alexander Rossi, Nico Müller, Kevin Magnussen e Antonio Felix Da Costa também integravam o grid.

Disputando o título com Jules Bianchi e Sam Bird até a última corrida, Frijns levou a melhor e foi o campeão, acumulando oito pódios, três vitórias, quatro pole positions e uma volta mais rápida, totalizando 189 pontos.

Foi após esse título que ele teve uma primeira porta aberta dentro da Fórmula 1, onde começou a ser piloto de testes da Red Bull, já que na época o vencedor da Formula Renault ganhava essa oportunidade.

Frijns na Fortec Motorsport na Formula Renault 3.5 e fazendo testes na Red Bull


A grande chance do neerlandês tentar algum assento na Fórmula 1, foi no ano de 2013, mas isso não foi possível, porque Frijns não tinha dinheiro e nem patrocínio o suficiente para ingressar na categoria. Ele até conseguiu um espaço dentro da Sauber, mas foi somente como piloto de testes.

Nesse meio tempo, para não ficar parado, ele tentou ingressar na GP2, mas também não tinha todo o dinheiro necessário para fazer uma temporada completa. Frijns acabou tendo uma chance posteriormente na equipe Hilmer, onde assumiu o assento do piloto Conor Daly e participou de 10 corridas, terminando em 15º lugar.

Apesar disso, Robin ainda conseguiu subir no pódio duas vezes, sendo que celebrou uma vitória em uma dessas ocasiões.

Depois disso, ele se tornou piloto reserva e de testes da Caterham na F1 em 2014, mas sem patrocínio e sem muitos recursos para prosseguir, sua chance de uma vaga como titular na F1 acabou não se tornando realidade.


Frijns nos dois pódios conquistados na GP2 correndo pela Hilmer em 2013


Como a vida de piloto vai além da Fórmula 1, Robin sentiu que era o momento de deixar a categoria para trás e explorar novos ares. Em 2015, a Audi entrou em sua vida lhe dando uma chance na DTM e foi nesse mesmo ano que a história dele com a Fórmula E começou, onde ele ingressou na equipe Andretti, competindo na segunda e terceira temporada da categoria, se ausentando na quarta temporada e fazendo o seu retorno na quinta temporada em 2019 dentro da equipe Envision, que foi o seu lar até 2022.

O piloto não esconde de ninguém a sua gratidão pela Audi, que foi a equipe que lhe deu uma chance de mostrar que ele tinha mais a oferecer e onde ao longo dos anos ele foi se destacando nos campeonatos em que participou.

Já em seu primeiro ano correndo pela equipe alemã, ele foi campeão da Blancpain GT Series. Em 2017, ele foi vice-campeão na Blancpain GT Series Sprint Cup e campeão da Copa do Mundo de GT da FIA.


O ano de 2021, foi um dos momentos mais agitados de sua carreira, onde ele pode experimentar o êxtase e a frustração quase que no mesmo final de semana.

Frijns foi campeão das 24 Horas de Le Mans e, mais tarde, do Campeonato Mundial de Endurance na classe LMP2, onde ele venceu o título com a equipe WRT.

A vitória em Le Mans veio em um momento agridoce, já que no fim de semana anterior, ele viu evaporar a sua chance de conquistar o título da Fórmula E, ou até mesmo de poder terminar entre os três melhores daquele ano.

Na época, o piloto comentou que foi uma sensação estranha e que tinha muita coisa acontecendo. A corrida da Fórmula E em Berlim o marcou de uma forma que foi difícil de digerir. Um pouco antes da rodada final na Alemanha, a Envision chegou a ter Robin como líder do campeonato e a equipe era uma das principais forças do grid.

Frijns com as suas escaladas de pelotão e voltas rápidas era um dos nomes mais cotados para sair com o título, porém, o grande balde de água fria veio em Tempelhof, onde nada pareceu se encaixar para a equipe.


“Chegando Berlim, a gente estava sofrendo para ter ritmo. Durante os treinos, nem dentro do top 10 a gente conseguiu ficar, sendo que os carros da Audi (que possuíam o mesmo powertrain) estavam apresentando resultados melhores. Então, havia ritmo, mas a gente não conseguia encontrar. Foi muito estressante, a atmosfera não estava boa. Tínhamos o mesmo carro com algumas atualizações e o carro estava evoluindo ao longo do ano, mas a gente nunca imaginou que ficaríamos tão fora da jogada em Berlim.”


“Você pensa que pode pelo menos terminar dentro do top 3 no campeonato, mas marcamos zero pontos e no fim do dia terminamos comigo em P5 no campeonato, o que foi uma decepção para o time", comentou Frijns.


Frijns no E-Prix de Diriyah correndo pela Envision Racing na Formula E (reprodução: Formula E)


Contudo, o piloto mal teve tempo de processar todos os acontecimentos, a cabeça tinha que estar pronta para o próximo desafio. Mas, ao mesmo tempo, Robin ainda se encontrava desapontado pelo campeonato perdido na Fórmula E.

O neerlandês relatou sobre como a sua mente estava a mil e que assim que entrou no carro chegou a pensar: “Aqui vamos nós. Novamente o mesmo final de semana”. A dificuldade de se manter motivado depois de ver tudo escapar de suas mãos é uma das coisas que mais pesa para um piloto.

Ao abaixar a viseira, o foco estava em fazer o melhor pela sua equipe, que ficou na liderança da prova das 24 Horas de Le Mans. A WRT se manteve firme até o final, mesmo com alguns percalços no caminho, porém, isso não evitou que a insegurança voltasse a aparecer para Robin.


“De repente, tudo retorna à mente quando você está na última volta. ‘E se o carro parar na última volta? A disputa está apertada e o Blomqvist está atrás de você fazendo voltas mais rápidas, porque está de pneus novos’. Eu quase bati, mas aí cruzei a linha de chegada. Eu lembro que perguntei mais de uma vez para o meu engenheiro o que tinha acontecido."


“Eu não conseguia saber o que eu deveria sentir estando dentro do carro e mesmo depois quando estava no pódio. Eu estava orgulhoso do que o time tinha conseguido, mas ainda assim, eu nunca havia sentido isso na minha carreira de subir no pódio e não saber o que sentir", revelou Frijns.


Foi somente no dia seguinte, após a festa de celebração e uma boa noite de sono, que as emoções voltaram ao lugar certo.

Robin havia retornado para casa e a ficha começou a cair quando estava com a família, com o troféu em mãos e no momento em que ligou o celular pela primeira vez pós vitória, pois se deparou com as mensagens de parabéns. Foi somente nesse instante que uma onda de felicidade tomou conta do piloto neerlandês. Na estreia da WRT nas 24 Horas de Le Mans na classe LMP2, ele saiu com a vitória ao lado dos pilotos Ferdinand Habsburg e Charles Milesi.


Pódio com a equipe WRT celebrando a vitória nas 24 Horas de Le Mans (reprodução: Team WRT)


Apesar do ano de 2021 ter sido um quase na Fórmula E e do ano de 2022 não ter sido um dos melhores, já que terminou em sétimo lugar, Robin é um dos principais pilotos de um grid com diversos outros nomes vitoriosos e com trajetórias que muitas vezes se assemelham às dele.

Além disso, Frijns é um dos pilotos mais adorados pelos fãs da Fórmula E, não só por dizer o que pensa - mesmo que seja de sua personalidade ser um pouco mais calado que a maioria dos outros pilotos do grid -, mas também por sempre render momentos memoráveis dentro e fora de pista.

Suas ultrapassagens, a maneira em como se adapta às mudanças com maestria, como sempre brinca com os colegas e jornalistas, além de sempre deixar bem claro para todo mundo o quanto se orgulha da amizade de anos que mantém com Antonio Felix da Costa, faz com que Frinjs seja um dos pilotos mais respeitados devido a sua trajetória e jeito de ser.

Em 2023, Robin Frijns estará de casa nova na Fórmula E, onde irá correr pela ABT ao lado de Nico Müller. Mesmo com a temporada sendo uma incógnita, já que o Gen3 é novidade para todo mundo, sempre é esperado o melhor do neerlandês.


Para finalizar, fica a dica de duas recomendações do próprio Robin Frijns para vocês conferirem.

A primeira indicação é um vídeo com os melhores momentos do Frijns no E-Prix de Paris em 2019, onde ele saiu com a vitória e para o Robin foi a sua melhor performance dentro da categoria até o momento. A segunda indicação é o E-Prix de Mônaco 2021 (em inglês), que é uma de suas corridas favoritas da Fórmula E.


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